A proposito das resoluções tomadas pela nossa
Presidenta Dilma, referente a Saúde dos Brasileiros, achei interessante
transcrever cá, algumas informações importantes a respeito do assunto, afim
de que os queridos leitores, possam entender o que acontece no universo da
Medicina em nosso país, e como se enquadra as propostas da nossa Presidenta.
Encontrei este artigo, muito bom por sinal no site abaixo, e transporto parte dele, sendo que os interessados poderam se inteirar na íntegra acessando o link do site Brasil Medicina.
Encontrei este artigo, muito bom por sinal no site abaixo, e transporto parte dele, sendo que os interessados poderam se inteirar na íntegra acessando o link do site Brasil Medicina.
Educando os médicos para a saúde no Brasil
A Conferência Internacional sobre Atenção Primária
à Saúde, organizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em Alma-Ata (antiga
URSS), em setembro de 1978, estreava o conceito de “Saúde para todos”,
convocando todos os países do mundo – desenvolvidos ou não – para revisar os
seus sistemas de saúde, tornando-os acessíveis à população, como direito básico
do cidadão.
Destaca-se a atenção primária como a porta natural de entrada para a saúde – o primeiro contato, do qual se deve esperar competência e resolução dos problemas apresentados. As políticas de saúde têm a missão de preparar o cenário profissional e as instituições formadoras – a universidade, no caso dos médicos – devem preparar o profissional para tal mister. A resposta acadêmica para a formação Dos médicos generalistas tem variado nos anos subseqüentes à Conferência Internacional sobre Atenção Primária à Saúde.
Destaca-se a atenção primária como a porta natural de entrada para a saúde – o primeiro contato, do qual se deve esperar competência e resolução dos problemas apresentados. As políticas de saúde têm a missão de preparar o cenário profissional e as instituições formadoras – a universidade, no caso dos médicos – devem preparar o profissional para tal mister. A resposta acadêmica para a formação Dos médicos generalistas tem variado nos anos subseqüentes à Conferência Internacional sobre Atenção Primária à Saúde.
Enquanto em alguns
países as recomendações da Conferência vieram ao encontro do já iminente
crescimento de especialidades voltadas à atenção primária, como é o caso da
Medicina de Família, em outros a demanda de profissionais com este perfil
desejado ficou desatendida. O motivo é simples: as escolas e faculdades de
medicina continuaram focadas na formação de especialistas por estarem
alicerçadas no paradigma educacional onde a qualidade do médico está
tradicionalmente atrelada ao seu preparo como especialista. A história da
educação médica do século XX, onde a procura da excelência caminhou para a
especialização, saneando a pro fissão de práticas médicas inadequadas, oferece
uma explicação para esta falta de resposta acadêmica. Uma vez atingido um nível
de qualidade científica através da especialização, é mais seguro permanecer
instalado no mesmo do que se aventurar por novos caminhos que, por serem
desconhecidos no ambiente acadêmico, podem vir em detrimento da qualidade. A
falta de resposta faz sentido, se entende, mas no momento presente não se
justifica.
E requer uma reflexão. Criar um novo modelo de médico, com
capacidade. Para resolver com competência 90% dos problemas surgidos na atenção
primária, com habilidades de prevenção em saúde, capaz de cuidar de todos os
indivíduos independentemente do sexo, idade, condição social e da patologia que
lhes afete, em atenção continuada, abrangente, coordenando os componentes
biopsicossociais, integrando cada indivíduo no contexto da sua família e
comunidade, sendo ao mesmo tempo um educador em saúde, requer verdadeira
mudança de paradigma educacional no ambiente acadêmico. Esta é, justamente, a
missão da Medicina de Família como disciplina acadêmica, e a Organização
Mundial dos Médicos de Família (Wonca) sente-se chamada a colaborar. A partir
de 1980, inicia-se uma estreita colaboração entre a Wonca e a Organização
Mundial da Saúde (OMS), que culminou numa reunião histórica em 1994, em
Ontário, Canadá, e resultou na elaboração de um documento conjunto voltado para
tornar a prática e a educação médica mais relevante para as necessidades.
Das pessoas e a possível contribuição do médico de
família. Aponta-se a necessidade de implantar a Medicina de Família como
disciplina acadêmica nas faculdades de medicina. Propõe-se a figura do médico
de família como um dos autores principais da proposta “Saúde para toda”,
colocada pela OMS há 25 anos. Estimula-se a formação de um profissional com
alta competência para cuidar dos pacientes e saber integrar com perfeição os
cuidados individuais com os coletivos.
Cuidar da pessoa, para poder cuidar da
família e da comunidade. É de todo ponto evidente que o impacto da Medicina de
Família, quando incorporado num sistema de saúde, faz diferença nos resultados
da atenção primária à saúde .(...) Medicina de Família para o Brasil:
fundamentação acadêmica para vencer os desafios
A especialização, vista como necessário complemento
à formação acadêmica, é para a maioria dos que se graduam o caminho natural do
desempenho profissional. Perante esta perspectiva, fomentada pelas escolas
médicas, torna-se necessário pensar quem são os médicos generalistas que atuam
no Brasil. Se a maioria dos estudantes almeja especializar-se (já que é isso
que eles vêem, vivem e respiram nas escolas médicas), qual espaço real existe
para alguém querer ser generalista? Temos um universo variado de profissionais
atuando no campo da medicina generalista. Alguns, poucos, por verdadeira opção,
por vocação profissional; outro s, muitos, porque simplesmente não conseguiram
especializar-se; e, finalmente, outros que possuindo um importante papel como
articuladores de estratégias de saúde populacional têm de vir a preencher um
vazio que é, na prática, mais necessitado de mão de obra do que de ação
política.
Seja qual for a origem dos que de fato praticam a medicina
generalista, uma realidade é inegável: o desamparo em que se encontram. A
ausência de referenciais de qualidade que venham implementar Programas de
Educação Médica Continuada, bem como a falta de um planejamento de certificação
que avalie e valide a qualidade destes pro fissionais e, finalmente, a omissão
das instituições universitárias para assumir um compromisso real nesta formação
coloca o médico generalista no sério risco de tornar-se um profissional de
segunda categoria. A questão é grave, pois todos os esforços realizados para
tornar o acesso à saúde um direito para todos os cidadãos apóia-se neste
profissional. Ele é o verdadeiro protagonista da atenção primária à saúde. A
afirmação da identidade da Medicina de Família como especialidade passa
necessariamente por sua progressiva inserção universitária como disciplina
acadêmica.
A instalação universitária torna transparentes os valores desta
especialidade, conferindo-lhe a credibilidade devida e permitindo a prática –
clínica e educacional – dos novos paradigmas que propõe. Deste modo, é possível
assumir um posicionamento que leva a falar de igual para igual com as outras especialidades
médicas, em paridade de competências, sabedora de possuir um corpo próprio de
conhecimentos, uma metodologia específica e linhas de pesquisa peculiares. Não
mais nem menos importantes do que as das outras áreas do saber médico; apenas
algo que lhe é inerente, que é objeto do seu conhecimento, terreno específico
de ação médica e o quotidiano do médico de família. Construir este novo
paradigma, com atuação própria nos currículos de graduação e pós graduação do
curso médico, torna possível vocacionar os estudantes, futuros médicos, para
esta opção profissional. Uma vocação que desperta ao contato com modelos reais,
com médicos de família que possuam respeitabilidade acadêmica e que ensinam
praticando atenção primária com resolubilidade e competência. É óbvia a
dificuldade de se pretender recrutar profissionais para uma especialidade
ausente na escola médica.
Simposio de divulgação da especialidade |
A inserção acadêmica da Medicina de Família
catalizará as lideranças presentes nos estudantes, conquistando prestígio entre
os próprios acadêmicos, e poderá responsabilizar-se pela educação continuada de
todos os que atuam na atenção primária, garantindo a qualidade dos pro
fissionais e avaliando os processos de certificação. O envolvimento dos
estudantes de medicina com a Medicina de Família, tem sido crescente nos
últimos dez anos, mediante um trabalho de formação continuada, de caráter
não-curricular. Importantes questões emergem do trabalho em Medicina de Família
com os a c a d ê m i c o s. Assim, a motivação do estudante e a reflexão
vocacional, a visualização do professor como exemplo de aprendizado, a inserção
precoce do aluno no atendimento ao paciente com acompanhamento longitudinal, at
u a n d o como elemento integrador das disciplinas curriculares, transformando
o aluno em professor de outro aluno, fomentando os esquemas de comunicação e
preparando futuros professores são opor unidades excelentes a serem
aproveitadas.
O Médico da Familia existe em todas as culturas |
As dificuldades que a Medicina de Família se defronta para
instalar-se com credibilidade no Brasil guardam analogia com as que outro s
países têm enfrentado. Utilizar a experiência internacional é medida de
prudência e garantia de maior eficácia na implementação dos Programas de
Educação Continuada, Certificação da Especialidade e de Qualidade Acadêmica que
leva à necessária preparação dos professores da disciplina aproveitando a
experiência do médico de família como educador e pro motor de sua própria
especialidade. As oportunidades oferecidas no atual cenário brasileiro são
favoráveis e talvez únicas. A Medicina de Família depara-se com terreno fértil
para o seu crescimento. Melhorar a qualidade de vida e a saúde de nossa
população é desejo que deve pro mover a união de forças para vencer os
desafios.
Prof. dr. Pablo González Blasco
Doutor em Medicina e diretor científico da Sobramfa
-
Sociedade Brasileira de Medicina de Família
Cynthia Haq, MD
Professora de Medicina de Família, diretora da
Graduação Médica e de Saúde Internacional da
Universidade de Wisconsin, colaboradora da Sobramfa
e consultora da OMS/Wonca para
Projetos internacionais em Medicina de Família
Joshua Freeman, MD
Professor titular do Departamento de Medicina de
Família da Universidade de Kansas, colaborador
da Sobramfa e pesquisador da Fulbright no Brasil
Marco Aurélio Janaudis
Secretário-geral da Sociedade Brasileira de
Medicina de Família
Veículo: Sociedade Brasileira de Medicina de
Família
"A responsabilidade das informações educativas
apresentadas nas páginas desse site é exclusiva dos seus autores. A reprodução,
total ou parcial, dessas informações é permitida, desde que seja citada a fonte
editora, seu local original de publicação (brasilmedicina.com) e não sejam
incluídas em textos de divulgação com finalidades publicitárias que ferem as
normas do CODAME publicado pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São
Paulo."
BrasilMedicina.com.br 2001© - Todos os Direitos
Reservados
www.brasilmedicina.com.br.
Nenhum comentário:
Postar um comentário